3 de ago. de 2011

Cardiomiopatia Hipertrófica Felina - CMH

Imagens de um paciente que faleceu em decorrência de complicações da CMH:

Notar coxins de membros posteriores arroxeados (compare com membros anteriores)



Reflexo de dor profunda ausente nos membros posteriores do paciente.


Coração em corte longitudinal - notar cavidade ventricular esquerda diminuída

A CMH se caracteriza pela hipertrofia concêntrica da parede livre do ventrículo esquerdo e/ ou do septo interventricular. Isso leva a uma disfunção diastólica onde ocorre aumento da pressão de preenchimento ventricular esquerdo, podendo levar também ao aumento atrial esquerdo. Devido ao aumento da pressão venosa pulmonar os gatos acometidos podem apresentar edema pulmonar. Alguns pacientes podem apresentar insuficiência cardíaca biventricular, onde ocorre edema pulmonar + efusão pleural + ascite (esta mais raramente). Devido a estase sanguínea que ocorre no átrio e aurícula esquerda aumentam as chances de ocorrer o tromboembolismo aórtico.

                                               Foto: Tromboembolismo aórtico                             
                                     
Algumas raças de gatos são mais predispostas à CMH, como os Persas e Maine Coons, porém não devemos esquecer dos gatos sem raça definida, que poder carregar a herança genética das raças citadas. Os machos são mais acometidos do que as fêmeas, não existe ao certo uma média de idade de ocorrência, tendo já sido relado em literatura a ocorrência em pacientes de 6 meses de idade.

                                                      Foto: Persa


                                                      Foto: Maine Coon

                                                             Foto: Gato SRD

Os pacientes podem apresentar dispnéia, anorexia, intolerância a exercícios, emese, paralisia de membros posteriores ( 1 ou ambos) e até mesmo a morte súbita.

                           Foto: Paciente felino em dispnéia - notar a posição ortopneica

Em muitos pacientes acometidos ocorrem arritmias cardíacas como o ritmo de galope, em outros notamos um sopro cardíaco holossistólico. Quando a ausculta cardíaca encontra-se abafada e há dispnéia e falta de complacência torácica devemos suspeitar de efusão pleural. Na ocorrência de dispnéia e sons pulmonares aumentados e estertoração devemos suspeitar de edema pulmonar. Caso note-se paralisia pélvica aguda  com coxins e leitos ungueais arroxeados e pulso femoral fraco ou mesmo imperceptível devemos supeitar do tromboembolismo. Raramente os êmbolos afetarão os membros torácicos.  

                                                             Imagem: Ritmo de Galope

O diagnóstico definitivo da CMH deve ser feito pelo exame de ecocardiograma. Muitas vezes faz-se necessário exames de ECG (na suspeita de arritmias cardíacas), função renal (já que alguns pacientes podem apresentar azotemia pré-renal), radiografias torácicas (em suspeitas de efusão e / ou edema pulmonar; em pacientes com aumento biatrial e aumento ventricular esquerdo notamos ao RX um coração com aparência de "coração dos namorados") e a mensuração da pressão arterial sistêmica (já que a hipertensão pode ser um fator causal ou mesmo concomitante).

O tratamento pode incluir o uso de medicamentos beta-bloqueadores (como o atenolol ou propranolol), diuréticos como a furosemida e/ou espironolactona e hidroclortiazida, a aspirina para diminuir a agregação plaquetária minimizando o risco de tromboembolismo e o diltiazem em pacientes com arritmias supraventiculares resultando no ritmo sinusal e redução da frequencia cardíaca, bem como melhora do relaxamento cardíaco e vasodilatação periférica e coronariana. Podem ainda ser utilizados medicamentos inibidores da ECA ou bloqueadores dos canais de cálcio, bem como warfarina e pomada de nitroglicerina. Porém somente um médico veterinário poderá indicar qual o melhor tratamento para cada paciente, em cada caso.
 
 
O prognóstico da CMH é bastante variável, mas sem dúvida pacientes com tromboembolismo aórtico tem um pior prognóstico, seguidos dos pacientes com insuficiência cardíaca e dos pacientes que se mantêm taquicardicos, apesar do tratamento.   

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