24 de set. de 2011

Cardiomiopatia Dilatada - CMD

Trata-se da dilatação do coração, podendo acometer ambos os lados, as coronárias e as válvlas atrioventriculares. Nesta afecção nota-se um inotropismo diminuído significativamente e uma disfunsão miocárdica importante. Esta insuficiência miocárdic leva a redução do débito cardíaco e à ocorrência de insuficiência cardíaca congestiva (ICC).

A cardiomiopatia dilatada (CMD) acomete especialmente os cães de porte grande e gigante, tais como Boxers, Dobermans, Dougues Alemães, São Bernardo, Afgan Hounds e misturas contendo estas raças. Os cães da raça Cocker Spaniel Americano, apesar de serem aniamis de médio porte também são acometidos.

A idade média de aparecimento desta afecção varia de 4 a 10 anos e predomina mais em machos do que nas fêmeas, na maioria das raças.

Durante a anamneses os proprietários relatam ocorrência de tosse, taquipnéia, dispnéia, perda de peso, anorexia ("falta de apetite"), fraqueza, síncopes ("desmaios"), distensão abdominal. Alguns pacientes não apresentam sinais desta afecção, o que é denominado de Cardiomiopatia Dilatada Oculta.

Ao exame físico, o médico veterinário pode constatar pulso femoral hipocinético devido ao baixo débito cardíaco, déficits de pulso devido ocorrência de arritmias cardíacas, pulsos jugulares devido regurgitação de válvula tricúspide, arritmias e /ou ICC do lado direito. ainda pode ser observado abafamento de sons pulmonares na ocorência de efusão pleural ou preseça de estertores na ocorrência do edema pulmonar; ausculta cardíaca com sons de "galope"; sopros de regusgitação em válvula mitral e/ou tricúspide; arritmias cardíacas, aumento no tempo de preenchimento capilar (TPC), cianose e hepatomegalia, esta com ou sem a presença de ascite.

                                  Imagem 1: Paciente com ascite em drenagem (arquivo pessoal)

                                           Imagem 2: Cão em caquexia (Nelson & Couto)

                                     Imagem 3: Cão apresentando dispnéia (Nelson & Couto)

Ainda não se sabe ao certo as causas da CMD, porém acredita-se que a maioria dos casos esteja relacionada a anormalidades familiaresde proteínas cardíacas contráteis e/o estruturais. Sabe-se da deficiência nutricional de aminoácidos como a taurina e carnitina em algumas raças como os Golden Retrievers, Boxers, Dobermans e Cockers Spaniels americanos, sendo esta carência correlacionada à ocorrência da CMD.

Os diagnósticos diferenciais que devem ser questionados são as endocardioses, as cardiomiopatias congênitas, a dirofilariose, as endocardites bacterianas, tumores cardíacos, efusão pericárdica, obstruções de vias aéreas (corpos estranhos, tumores, paralisia de laringe), efusões pleurais, traumas que geraram uma hérnia diafragmática ou hemorragia pulmonar ou mesmo pneumotórax, quadros respiratórios como pneumonias ou broncopatias ou mesmo tumores pulmonares.

O diagnóstico da CMD deve se basear em exames de imagem como o exame radiográfico e ecocardiográfico. Ao RX  normalmente observa-se cardiomegalia generalizada com ou sem sinais de ICC, em fases iniciais nota-se apenas aumentos de tamanho do lado esquerdo do coração, além de derrame pleural, hepatomegalia e ascite.

O exame ecocardiográfico é o exame diagnóstico padrão par a CMD, sendo nele observado dilatação atrial e ventricular, redução das frações de encurtamento e ejeção cardíacas, regurgitação valvar mitral e/ou tricúspide.


                                                                    Vídeo 1: CMD

O exame eletrocardiográfico (ECG) é indicado na suspeita d presença de arritmias. Nele podemos observar o ritmo sinusal ou a taquicardia sinusal com ou sem presença de contrações ventriculares ou atriais prematuras, fibrilação atrial, taquicardia ventricular, supressão da voltagem o que sugere presença de efusões pleural e/ou pericárdica bem como hipotireoidismo associado, o prolongamento da duração de QRS e aumento de voltagem  da onda R o que sugere aumento ventricular esquerdo.

                                                         Imagem 4: Fibrilação Atrial

                                            Imagem 5: Contrações ventriculares prematuras

Obviamente os exames de sangue para avaliação de funções renal e hepática bem como a urinálise são indicados, embora geralmente estejam normais, exceto na ICC ou durante a terapia para ICC, ou mesmo com as doenças intercorrentes.

Com relação ao tratamento para a CMD devemos considerar a redução do consumo dietético de sódio e o oferecimento de dieta de alta qualidade proteica e de carboidraros. É interessante o uso de aminoácidos como a L-carnitina e a taurina aos pacientes acometidos.

A depender dos sinais apresentados pelo paciente possem ser utilizados no tratamento diuréticos (como a Furosemida, Espironolactona ou Hidroclortiazida), Antiarrítmicos (digoxina, Amiodarona, Lidocaína, Procainamída), Broncodilatadores como a Aminofilina, Vasodilatarores (Nitroglicerina, Inibiores da ECA, Bloqueadores do Canal de Cálcio), Beta-Bloqueadores (Carvedilol, Atenolol, Propranolol), Inodilatadores (Pimobendan).
                  
A CMD é uma doença sem cura, sendo possível apenas o controle para propiciar qualidade de vida ao paciente. Geralmente o prognóstico é de 6 a 24 meses em média após o diagnóstico. Os cães da raça Doberman apresentam, no geral, um pior prognóstico.                   

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