16 de set. de 2012

PA Sistólica pelo método Doppler em gatos persas saudáveis e com CHF - Artigo


33º CONGRESSO BRASILEIRO DA ANCLIVEPA - 2012

 
 
PRESSÃO SISTÓLICA ARTERIAL PELO MÉTODO DOPPLER EM GATOS
PERSAS SAUDÁVEIS E COM CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA

 

Adriana Cristina da Silva1, Ruthnéa Aparecida Lázaro Muzzi1, Leonardo Augusto Lopes Muzzi1, Guilherme Oberlender1, Gisele Fabrícia Martins dos Reis1, Matheus Matioli Mantovani1

1Universidade Federal de Lavras – adrianagudi@gmail.com

 

Resumo:

A cardiomiopatia hipertrófica felina pode ocorrer secundariamente a hipertensão sistêmica. Desta forma, o objetivo do presente estudo, foi avaliar a pressão arterial sistêmica por meio do método Doppler esfigmomanométrico, de forma a comparar os valores obtidos entre animais com hipertrofia e animais saudáveis.

 

Palavras-chaves: Felinos, Hipertensão, Ecocardiografia.

 

Introdução:

A cardiomiopatia hipertrófica felina (CHF) se caracteriza por um aumento na
musculatura cardíaca associado à um ventrículo hipertrofiado e não dilatado. A
hipertrofia ventricular pode ocorrer devido a um aumento da pressão como em casos de hipertensão sistêmica ou estenose sub-aórtica, além de alterações hormonais como hipertireoidismo (Abbott, 2010). No entanto, um adequado controle da pressão arterial sistêmica em gatos e suas implicações nos sistemas orgânicos ainda é pouco definida (Jepson et al., 2007). Este trabalho tem por objetivo avaliar a pressão sistólica pelo método Doppler em gatos da raça Persa saudáveis e com CHF, de forma a comparar os resultados e definir variações entre doentes e saudáveis, além de correlacionar os dados com a idade e o sexo.
 

Material e métodos:

Foram utilizados um total de 20 gatos da raça Persa, provenientes da rotina do
Serviço de Cardiologia do Hospital Veterinário da instituição. Os animais foram
clinicamente examinados e foram obtidas cinco medidas da pressão arterial sistólica (PAS) no membro anterior esquerdo em cada animal (Sparkes et al., 1999), usando o aparelho Doppler Medpej® DV2000. Foi realizado também avaliação cardíaca e ecoDopplercardiografia para se determinar a presença ou ausência de CHF. Os animais foram divididos em dois grupos (n=10), sendo grupo 1 (G1) com animais saudáveis e grupo 2 (G2) com CHF. A idade e a PAS foram submetidas a análise descritiva, com detalhamento das médias e desvio-padrão. Todos os dados foram submetidos ao teste de normalidade (Kolmogorov-Smirnov) e as médias foram comparadas por testes estatísticos adequados. A variável sexo foi submetida a análise de frequência. As médias de idade e PAS foram comparadas entre animais dos dois grupos pelo teste t não-pareado (P<0,05). Todas as análises foram realizadas utilizando o pacote estatístico SPSS for Windows versão 17.0.

Resultados:

Para os animais saudáveis, quatro eram fêmeas (40%) e seis eram machos (60%) e para os animais com CHF três eram fêmeas (30%) e sete eram machos (70%). As médias de PAS (mmHg) não diferiram entre os grupos pelo teste t (P>0,05), sendo que os valores para G1 e G2 foram, respectivamente, 123,20 ± 14,79 e 133,10 ± 17,27mmHg. Quanto à idade foi observada diferença pelo teste t (P<0,05) entre os grupos estudados e os valores para o G1 e G2 foram, 31,30 ± 27,00 e 106,00 ± 56,32 meses, respectivamente.

 

Discussão:

Entre os animais com CHF foi observado um número maior de machos, sendo que está relatada na literatura uma maior prevalência de machos doentes comparado as fêmeas (Fox, 2003). Em relação à idade, foi observado que o grupo de animais com CHF apresentou valores superiores aos saudáveis. É observado na literatura, que a idade média ao diagnóstico dos animais com CHF é de cerca de seis anos (Abbott, 2010), o que justifica a idade mais elevada do G2 do presente estudo. Entre os grupos estudados não houve diferença estatística com relação aos dados da PAS obtidos. Este dado corrobora com a ausência de hipertensão sistêmica como causa de CHF. No entanto, a observação dos dados permite inferir que o G2 apresentou um maior valor para a PAS que o G1. Isto pode ser devido a quadros mais graves da CHF, uma vez que alguns animais apresentavam obstrução da via de saída do VE.

 

Conclusão:

A CHF é uma das cardiomiopatias mais frequentes em felinos. Desta forma, o
diagnóstico precoce e definição das causas secundárias que podem levar ao seu desenvolvimento são essenciais para o correto manejo clínico. Desta forma, o presente estudo demonstrou a importância da obtenção da pressão arterial sistêmica em felinos, exame muitas vezes negligenciado na rotina clínica, mas que é de grande auxílio no diagnóstico e prognóstico da CHF.

 

Referências:

ABBOTT, J.A. Feline hypertrophic cardiomyopathy: an update. Veterinary Clinics Small Animal. v. 40, n.4, p.685-700.

 
JEPSON, R. E.; ELLIOTT, J.; BRODBELT, D.; et al. Effect of Control of Systolic
Blood Pressure on Survival in Cats with Systemic Hypertension. Journal of
Veterinary Internal Medicine. v. 21, n.3, p. 402-409, 2007.

 
SPARKES, A. H.; CANEY, S. M. A.; KING, M. C. A.; et al. Inter- and Intraindividual Variation in Doppler Ultrasonic Indirect Blood Pressure Measurements in Healthy Cats. Journal of Veterinary Internal Medicine. v. 13, n.4, p. 314-318, 1999.

 

Um comentário:

  1. Obrigada por divulgar nosso trabalho.É sempre bom ver que nosso estudo pode auxiliar outros colegas.Abraços

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