11 de jun. de 2016

Vet Smart - A humanização dos animais e suas consequências - MV Larissa Florência de Assis

 Simplesmente sensacional !!!!! Colegas médicos veterinários e proprietários / tutores/ amantes dos animais por favor leiam !!!!!!!

Todos os dias pais e mães enterram seus filhos, que morrem pelas mais diversas causas. Falamos aqui de 132 milhões de filhos, das mais diversas raças, pelagens, tamanhos e idades. É assim, que cada vez mais, os animais de estimação são chamados: filhos. A humanização dos PETs é um assunto cada vez mais recorrente na sociedade. São reportagens, debates envolvendo economistas, psicólogos, juristas, médicos, religiosos ou antropólogos a respeito do tema. Para o psiquiatra Elko Perissinotti, vice-Diretor do Instituto de Psiquiatria do HC, o contato com animais de estimação tem a mesma função do contato interpessoal: suprir carências. Mas afinal, quem produz a humanidade dos animais e quando ou até onde os mesmos são humanos?

As enfermidades, exames, métodos diagnósticos e tratamentos assemelham-se cada vez mais aos realizados em humanos. É devido a essa transposição de afeto e emoções juntamente do convívio cada vez mais estreito que os PETs têm adquirido patologias psicológicas que antes eram somente diagnosticadas em humanos, como por exemplo, a síndrome de ansiedade e separação. Dessa forma, os médicos veterinários, que já lidam com questões emocionais cotidianas, passam a ser mais exigidos e cobrados em relação à aplicação de seus conhecimentos adquiridos em toda sua vida acadêmica e profissional, visando o bem estar daquele que agora é membro da família.
A atual conjuntura da rotina médica veterinária muito se assemelha à médica humana, inclusive nas ações judiciais movidas contra esses profissionais. Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais o número de processos entre 2015 e 2016 é maior que o número de processos entre 2003 e 2014. Ou seja, em um curto período têm-se mais processos do que em 10 anos e esse crescente número de ações tem por principais causas o fato de o tutor estar sempre em busca de novas informações, seja em sites/blogs e outros meios de informação, ou até mesmo em consultas em mais de um profissional a fim de certificar que o tratamento de eleição determinado pelo veterinário está “correto”. Além disso, a busca pela perfeição em atendimentos ou procedimentos e o incomensurável debate sobre o direito dos animais corroboram para que esse cenário se torne cada vez mais frequente.
Essa semana um debate muito grande foi levantado nas redes sociais e mídias acerca do sofrimento animal e seus direitos. O suposto historiador Márcio Linck escreveu um artigo que foi publicado em um jornal e também no portal ANDA (Agência de Notícias de Direitos dos Animais, disponível em:http://www.anda.jor.br/10/05/2016/medicos-ou-veterinarios-do-mal) no qual ele dizia que ao entrarmos nas faculdades, escolas e universidades de Medicina Veterinária passávamos por disciplinas que conspiravam a favor de uma dessensibilização por parte dos estudantes associadas com práticas de utilização dos animais para fins humanos e que essas práticas refletiriam em nossas trajetórias acadêmicas e vidas profissionais. Ou seja, que nós passamos por um processo responsável por caracterizar frieza, indiferença e falta de questionamentos morais.
A primeira premissa aqui a ser analisada é: os veterinários não passam por uma escola de “como serem malvados com os animais” isso é um equívoco por parte do autor do artigo anteriormente citado e também de alguns colegas de profissão que acreditam que veterinários que trabalham com animais de produção e promovem a segurança alimentar do país são inescrupulosos e matam sem motivo ou qualquer legislação que os fiscalize. É completamente respeitável o parecer de um vegetariano que frisa ser um absurdo o consumo de carne defender sua ideologia de vida, o que não é compreensível é a sua expressão raivosa a respeito do trabalho de profissionais que estudam tanto e lutam diariamente para conseguir garantir o melhor alimento à mesa dos brasileiros.
Fiz esse adendo acerca da discussão do artigo do Sr. Márcio aqui, pois o que está acontecendo nesse debate acerca da humanidade e direitos dos animais de produção, feito pelos ativistas, é basicamente o que os veterinários de pequenos animais já conhecem e vivenciam na pele em forma de processos e denúncias no CFMV. O mais interessante, é que alguns ambientalistas e ativistas dizem defender a liberdade dos animais e sendo contraditórios aprisionam pássaros em gaiolas, cães e gatos em casas/apartamentos e assim sucessivamente, a fim de satisfazerem suas carências afetivas e emocionais sem ao menos se preocuparem com as necessidades reais desses animais. O discurso de “devemos deixar de lado o antropocentrismo” não é aplicado aos pequenos animais, tudo isso levando em consideração a satisfação humana (e aqui lhes pergunto, qual a lógica?).
Antes de entrarmos no debate “somos todos iguais”, devemos fazer a seguinte reflexão: o que são os animais domesticados, por que essa domesticação ocorreu e o que mudou? Finalizo o texto com a resposta do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia ao texto do Sr. Márcio, que já ganhou bastante “IBOPE” essa semana: “As faculdades de Medicina Veterinária ensinam aos futuros profissionais o que todas as demais profissões ensinam, a viverem o mundo real e não “estórias da carochinha”, como talvez o senhor esteja mais afeito. Para tanto, estudar os animais vivos e mortos, doentes e sadios, faz parte do nosso mister, pois no mundo real a verdadeira história acontece e a tecemos, sem que esqueçamos, em momento algum, do postulado maior da Medicina Veterinária: o amor incondicional e o profundo respeito aos animais. Parece-nos que Marcos Linck é estoriador, de estórias infantis.”
Texto elaborado por Larissa Florêncio de Assis, colaboradora do Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Lavras e Criadora de Conteúdo para a Vet Smart.
Fontes:
http://www.crmvba.org.br/noticias.php?news_not_pk=1150 – Por MV Altair Santana Oliveira, ex-vice-presidente do CRMV/BA

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