16 de jun. de 2013

DEFEITO SEPTAL VENTRICULAR EM FELINO (DSV) – RELATO DE CASO


33 o Congresso Brasileiro da Anclivepa - 2012

 
    DEFEITO SEPTAL VENTRICULAR EM FELINO (DSV) – RELATO DE CASO

 

ANNA CAROLINA SALDANHA¹, JAMES ANDRADE², CARLOS EDUARDO

VASCONCELOS DA SILVA³


¹ Clínica Veterinária Baboo (DF)

² CAV, Universidade do Estado de Santa Catarina (SC)

³ Médico Veterinário Autônomo (DF)

 

Resumo:

O defeito septal ventricular (DSV) é uma doença cardíaca congênita relativamente incomum em pequenos animais, caracterizada por comunicação e desvio de fluxo sanguíneo entre as câmaras ventriculares com sobrecarga da circulação pulmonar. O trabalho relata um gato de aproximadamente um ano de idade diagnosticado com DSV grave por meio de exame clínico, radiografias torácicas e ecocardiografia. Este foi submetido a tratamento cirúrgico paliativo com o objetivo de reduzir o fluxo sanguíneo da circulação pulmonar e o remodelamento vascular que poderia resultar em hipertensão pulmonar irreversível.

Palavras Chaves: DSV, doença congênita, coração, felino.

Introdução:

O defeito septal ventricular (DSV) é uma doença cardíaca congênita caracterizada por má formação no septo interventricular, o qual divide os ventrículos direito e esquerdo (Birchard e Sherding, 2008). A alteração promove desvio de sangue do ventrículo esquerdo (VE) para o direito (VD) e sobrecarga da circulação pulmonar e das câmaras cardíacas esquerdas (Gomes et al., 2009). Defeitos pequenos geralmente não acarretam alterações
hemodinâmicas importantes e são bem toleradas durante toda a vida do animal. Entretanto, grandes defeitos podem provocar desvio sanguíneo considerável do VE para o VD, com sobrecarga de volume da circulação pulmonar e ICC esquerda (Cunningham e Rush, 2008). Pode ocorrer desvio reverso no qual o sangue desoxigenado é enviado para o lado esquerdo do coração e aorta, ocasionando hipoxemia e cianose, caracterizando o complexo de Eisenmenger (Gomes et.al., 2009).

Os achados clínicos incluem sopro sistólico de intensidade variável sobre o bordo esternal direito (Ware, 2007, Martin e Corcoran, 2006). A ecocardiografia bidimencional permite visibilização do defeito. Grandes defeitos e comprometimento hemodinâmico requerem tratamento cirúrgico, por meio de circulação extracorpórea (CEC) ou banda pulmonar (Cunningham e Rush, 2008). O trabalho tem como objetivo relatar o caso diagnosticado em um felino com a realização do tratamento cirúrgico por meio de banda pulmonar.

Relato de Caso:

Felino de 1 ano de idade, macho castrado, 4,0kg, apresentava dispneia após exercício, cianose e taquicardia, com melhora após repouso. Apresentava sopro cardíaco em hemitorax direito e ritmo regular. A ecocardiografia revelou DSV membranoso de 6 mm, com o fluxo laminar com velocidade de pico de aproximadamente 1,1 m/s do VE para o VD, cuja parede estava moderadamente hipertrofiada, concluindo-se o diagnóstico de DSV grave, da esquerda para direita. Procedeu-se MPA com morfina, indução e manutenção
anestésica com isofluorano. Após toracotomia, com auxílio de uma fita cardíaca cirúrgica, realizou-se a banda pulmonar, promovendo estenose do vaso. No primeiro dia de pós operatório, o gato apresentava dor, mas se alimentou. Foram administrados antibiótico, antiinflamatório e analgésico. No segundo dia entrou em quadro de dispnéia progressiva e veio a óbito por parada cardiorrespiratória. O fluxo da esquerda para a direita cessou, ecocardiograficamente, no pós-operatório imediato.

Discussão:

O DSV do gato era consideravelmente grande, necessitando-se de reparação cirúrgica, a qual é delicada e exige CEC. Optou-se pelo método de banda pulmonar, criando-se uma estenose do mesmo, para diminuir o fluxo sanguíneo para os pulmões e evitar a hipertensão pulmonar, devido ao aumento da pressão no VD, pela estenose pulmonar criada. O óbito pode ter ocorrido devido pneumotórax após a cirurgia ou há possibilidade do gato não ter se adaptado ao fluxo sanguíneo pulmonar reduzido.

Conclusão:

O tratamento paliativo com banda pulmonar reduziu o fluxo sanguíneo da esquerda para direita. Estudos futuros são necessários para se verificar o efeito da técnica na sobrevida e melhora clínica dos animais.


Referências Bibliográficas:

BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders de clínica de pequenos animais. 3ªed. São Paulo: Roca, 2008. 2048 p.


CUNNINGHAN, S.; RUSH, J. Procedimentos intervencionistas cardiovasculares.Veterinary Focus, v 18, n. 3, p. 16-24, 2008.

 
GOMES, V.; MEDICI, K. M.; BITTENCOURT, M. C.; et.al. Defeito do septo ventricular em bezerro neonato – relato de caso.Ensaios e Ciência.v. XIII, n. 2,p. 47-55, 2009.

 

MARTIN, M.; CORCORAN, B. Notes on cardiorespiratory diseases of the dog and cat.2nd ed. Iowa: Blackwell Publishing, 2006.

 
WARE, W. A. Cardiovascular disease in small animal medicine.Iowa: Manson Publishing, 2007. 396p.

 

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