33 o Congresso Brasileiro da
Anclivepa - 2012
ANNA
CAROLINA SALDANHA¹, JAMES ANDRADE², CARLOS EDUARDO
VASCONCELOS
DA SILVA³
¹ Clínica
Veterinária Baboo (DF)
² CAV,
Universidade do Estado de Santa Catarina (SC)
³ Médico
Veterinário Autônomo (DF)
Resumo:
O defeito
septal ventricular (DSV) é uma doença cardíaca congênita relativamente incomum
em pequenos animais, caracterizada por comunicação e desvio
de fluxo sanguíneo entre as câmaras ventriculares com sobrecarga da circulação
pulmonar. O trabalho relata um gato de aproximadamente um ano de idade
diagnosticado com DSV grave por meio de exame clínico, radiografias torácicas
e ecocardiografia. Este foi submetido a tratamento cirúrgico paliativo com o
objetivo de reduzir o fluxo sanguíneo da circulação pulmonar e o remodelamento
vascular que poderia resultar em hipertensão pulmonar irreversível.
Palavras
Chaves: DSV, doença congênita, coração, felino.
Introdução:
O defeito
septal ventricular (DSV) é uma doença cardíaca congênita caracterizada por má
formação no septo interventricular, o qual divide os ventrículos direito e
esquerdo (Birchard e Sherding, 2008). A alteração promove desvio de sangue do
ventrículo esquerdo (VE) para o direito (VD) e sobrecarga
da circulação pulmonar e das câmaras cardíacas esquerdas (Gomes et al., 2009).
Defeitos pequenos geralmente não acarretam alterações
hemodinâmicas
importantes e são bem toleradas durante toda a vida do animal. Entretanto,
grandes defeitos podem provocar desvio sanguíneo considerável do VE para o VD,
com sobrecarga de volume da circulação pulmonar e ICC esquerda (Cunningham e
Rush, 2008). Pode ocorrer desvio reverso no qual o sangue desoxigenado é
enviado para o lado esquerdo do coração e
aorta, ocasionando hipoxemia e cianose, caracterizando o complexo de
Eisenmenger (Gomes et.al., 2009).
Os
achados clínicos incluem sopro sistólico de intensidade variável sobre o bordo
esternal direito (Ware, 2007, Martin e Corcoran, 2006). A ecocardiografia
bidimencional permite visibilização do defeito. Grandes defeitos e
comprometimento hemodinâmico requerem tratamento cirúrgico, por meio de circulação
extracorpórea (CEC) ou banda pulmonar (Cunningham e Rush, 2008). O
trabalho tem como objetivo relatar o caso diagnosticado em um felino com a
realização do tratamento cirúrgico por meio de banda pulmonar.
Relato de
Caso:
Felino de
1 ano de idade, macho castrado, 4,0kg, apresentava dispneia após exercício,
cianose e taquicardia, com melhora após repouso. Apresentava sopro cardíaco em
hemitorax direito e ritmo regular. A ecocardiografia revelou DSV
membranoso de 6 mm, com o fluxo laminar com velocidade de pico de aproximadamente
1,1 m/s do VE para o VD, cuja parede estava moderadamente hipertrofiada,
concluindo-se o diagnóstico de DSV grave, da esquerda
para direita. Procedeu-se MPA com morfina, indução e manutenção
anestésica
com isofluorano. Após toracotomia, com auxílio de uma fita cardíaca cirúrgica,
realizou-se a banda pulmonar, promovendo estenose do vaso. No primeiro dia de
pós operatório, o gato apresentava dor, mas se alimentou. Foram administrados
antibiótico, antiinflamatório e analgésico. No segundo dia entrou em
quadro de dispnéia progressiva e veio a óbito por parada cardiorrespiratória. O
fluxo da esquerda para a direita cessou, ecocardiograficamente, no
pós-operatório imediato.
Discussão:
O DSV do
gato era consideravelmente grande, necessitando-se de reparação cirúrgica, a
qual é delicada e exige CEC. Optou-se pelo método de banda pulmonar, criando-se
uma estenose do mesmo, para diminuir o fluxo sanguíneo para os pulmões e evitar
a hipertensão pulmonar, devido ao aumento da pressão no VD, pela estenose
pulmonar criada. O óbito pode ter ocorrido devido pneumotórax após a cirurgia
ou há possibilidade do gato não ter se adaptado ao fluxo sanguíneo pulmonar
reduzido.
Conclusão:
O
tratamento paliativo com banda pulmonar reduziu o fluxo sanguíneo da esquerda
para direita. Estudos futuros são necessários para se verificar o efeito da
técnica na sobrevida e melhora clínica dos animais.
Referências
Bibliográficas:
BIRCHARD,
S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders de clínica de pequenos animais. 3ªed.
São Paulo: Roca, 2008. 2048 p.
CUNNINGHAN,
S.; RUSH, J. Procedimentos intervencionistas cardiovasculares.Veterinary
Focus, v 18, n. 3, p. 16-24, 2008.
GOMES,
V.; MEDICI, K. M.; BITTENCOURT, M. C.; et.al. Defeito do septo ventricular em
bezerro neonato – relato de caso.Ensaios e Ciência.v. XIII, n. 2,p. 47-55, 2009.
MARTIN, M.; CORCORAN, B. Notes on cardiorespiratory
diseases of the dog and cat.2nd ed. Iowa: Blackwell Publishing, 2006.
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